Por Fernando Castilho
Na coluna JC Negócios do Jornal do Commercio desta sexta-feira (3).
Por trás do registro oficial de 982 homicídios, no primeiro trimestre de 2015, está um dado econômico importante e que tem a ver com a nossa capacidade de preparar a juventude para o futuro e ainda com tudo o que o governo do Estado gasta com educação, da escola à capacitação profissional. Está nos dados da SDS que metade (50,5%, em 2013, e 50,7%, em 2014) dos mortos têm entre 18 e 30 anos.
Isso, do ponto de vista econômico, quer dizer o seguinte: perdemos todo o investimento que durante anos fizemos em mais de 3.200 jovens que perderam a vida por terem sido assassinados. Tem mais: perdemos, ainda, o que estávamos gastando com os mais de 60 adolescentes de 13 a 17 anos, igualmente mortos (8,3%), em média, nos mesmos dois anos. E como tudo que é ruim pode ficar pior temos que somar a isso a conta dos que foram parar na prisão nesta faixa etária e passaram da condição de cidadãos produtivos para serem despesa do Estado dentro do Sistema Penitenciário, onde mais da metade não concluiu o ensino médio.
Isso nos leva ao dramático quadro de, além da perda do cidadão na fase mais produtiva de sua vida, termos que cuidar do responsável pelo crime no sistema penitenciário. Nos últimos anos, por força dessa violência, o Brasil, dono da quarta maior população carcerária do mundo, prendeu, em termos relativos, 7,3 vezes mais que a média mundial. O homicídio, portanto, não é só uma questão social. Quando ele atinge os níveis que atingimos vira questão econômica
A tragédia da proximidade
Os dados da SDS (tomando-se apenas 2013 e 2014), por exemplo, desmente a ideia de que o número de 3.101 mortes em 2013 e mais 3.436 no ano passado esteja relacionado a vítimas de assaltantes. Não é verdade. Segundo os registros da SDS, os crimes classificados por latrocínio seguido de morte foram 77 em 2013, e 82 em 2014.
A cultura da violência, especialmente no Nordeste, nos leva ao quadro absurdo de mortes por proximidade, em que o assassino mata a vítima após um desentendimento pessoal. Um fenômeno já identificado, mas que o Estado deixou de focar firmemente no discurso do Pacto pela Vida.
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