domingo, 26 de outubro de 2014

PAÍS ELEGE UM GESTOR DE CRISE, NÃO O PRESIDENTE.





Possibilidades para a eleição deste domingo? É simples, só não vê quem não quer. Dilma pode até ganhar, na hipótese de que não perca. E pode acontecer que o Aécio surpreenda, unificando os indecisos — desde que não os divida. Em resumo: se o povo ensinou alguma coisa no primeiro turno da sucessão presidencial de 2014 foi que o imprevisível comanda a disputa. E, sempre que o imprevisível dá as cartas, a única previsão infalível é acaciana: não se pode prever. O eleitor não sabe se vota no Datafolha ou no Ibope.
Partidários promovem caminhada de apoio à presidente e candidata à reeleição pelo PT, Dilma Rousseff, em Belo Horizonte. Segundo pesquisa Datafolha, a capital mineira chega ao segundo turno dividida, com Dilma e Aécio apresentando a mesma intenção de voto: 50% dos votos válidos cada um. No primeiro turno, a petista venceu o tucano no Estado por 43,4% a 39,7% 

Há algo, porém, que se pode prever sem a realização de nenhuma pesquisa: o brasileiro não elegerá neste domingo um presidente da República. Não, não. Absolutamente. O país escolherá um gerente de crises. Vem aí um 2015 duro de roer. Na economia, uma fase de ajuste de contas e cintos apertados. Na política, um escândalo capaz de transferir o mensalão para o Juizado de Pequenas Causas. Nos próximos dias, vão às ruas as batidas policiais de busca e apreensão de provas para escorar as revelações delatadas pelos protagonistas da Operação Lava Jato.

Para complicar, a eleição mais disputada desde 1989 — Collor X Lula — deixa um rastro pegajoso de rancor e incompreensões. Na oposição, PT ou PSDB tendem a injetar sangue no olhar. As duas legendas pregam o novo. Mas, à medida que se distanciam, aproximam-se do que há de mais arcaico na política brasileira. Com isso, tornam-se o próprio atraso.


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